Entender o que é compliance se torna cada vez mais relevante. Para você ter ideia, em 2024, o número de denúncias corporativos, como assédio moral e discriminação, cresceu 28%. Os dados são de pesquisas da KPMG, conforme publicado no portal Exame

Mesmo assim, muitos colaboradores ainda sentem um enorme receio de retaliação ao utilizar os canais internos. Então, a pergunta que fica é: afinal, o compliance protege a empresa ou o funcionário?

Este artigo revela:

O que é compliance?

Compliance significa agir em conformidade com as regras. O termo deriva do verbo em inglês “to comply” (cumprir) e, no ambiente corporativo, representa o conjunto de disciplinas para fazer valer normas legais, regulamentares e políticas internas. O objetivo é criar um sistema robusto para prevenir, detectar e tratar quaisquer desvios.

Isto é, um programa de compliance funciona como um mecanismo de controle que busca garantir que a empresa opere dentro da legalidade e de padrões éticos elevados. Isso protege a organização de riscos legais, financeiros e, principalmente, reputacionais, que podem causar danos irreparáveis à imagem da marca no mercado.

As principais frentes de atuação do compliance incluem:

  • prevenção de fraudes, subornos e atos de corrupção;
  • redução de riscos trabalhistas, tributários e regulatórios;
  • fortalecimento da reputação para atrair investimentos e talentos;
  • promoção de uma cultura organizacional ética e transparente.

Compliance: quais são os desafios e os benefícios?

Apesar do discurso oficial, a realidade do compliance para muitos colaboradores é marcada pelo medo e pela desconfiança. O canal de denúncias, que em teoria deveria ser um porto seguro e anônimo, é frequentemente visto com ceticismo. A principal queixa é o medo de retaliação, como demissões ou estagnação na carreira.

Essa percepção transforma o compliance em uma ferramenta que parece proteger apenas os interesses da empresa, e não garantir um ambiente justo para o funcionário. 

Além disso, treinamentos de ética para gestores que cometem assédio, por exemplo, são vistos como medidas simbólicas que raramente resolvem a raiz do problema.

Por outro lado, quando bem implementado, o compliance oferece vantagens, como reduzir riscos operacionais e fortalecer a governança corporativa. O desafio está em alinhar o discurso com a prática, garantindo que os processos sejam transparentes e que a liderança esteja genuinamente comprometida.

A seguir, veja o contraste entre os ganhos e os obstáculos:

BenefícioDesafio
Reduz multas e processosResistência cultural interna
Fortalece reputaçãoFalta de apoio da liderança
Facilita atração de investimentosDesconfiança dos colaboradores
Promove cultura éticaMedidas corretivas ineficazes

Como funciona um programa de compliance eficiente?

Um programa de compliance que funciona vai muito além de um manual de conduta guardado na gaveta. Ele é um sistema vivo, que começa com um diagnóstico profundo para identificar os riscos específicos do negócio, sejam eles regulatórios, operacionais, financeiros ou reputacionais. Ou seja, é um trabalho contínuo.

A partir desse mapeamento, são criados controles internos, políticas claras e um código de conduta que orienta o comportamento de todos na organização. O sucesso depende de processos bem definidos, canais de denúncia que sejam de fato seguros e uma liderança que demonstre, por meio de ações, seu total compromisso com a integridade.

Um programa robusto inclui os seguintes passos:

  • mapeamento detalhado de riscos específicos do negócio;
  • criação de um código de conduta claro e políticas internas acessíveis;
  • treinamentos regulares e obrigatórios para todos os níveis hierárquicos;
  • monitoramento contínuo das operações e realização de auditorias independentes;
  • implementação de um canal de denúncia seguro, com resposta ágil às infrações.

Programa de integridade: quais são os pilares fundamentais do compliance?

Se você busca fortalecer a cultura ética e ir além do básico, é importante focar nos pilares que sustentam um programa de integridade sólido e eficaz, como:

  • Comprometimento da alta gestão (o “tone at the top”);
  • Avaliação e gestão contínua de riscos e controles internos;
  • Comunicação clara e treinamento constante para todos os colaboradores;
  • Monitoramento, auditoria independente e resposta rápida a incidentes.

Compliance protege quem? Quais são os dilemas e falhas comuns?

O compliance protege a todos. Ele blinda a empresa de perdas financeiras e danos de imagem, ao mesmo tempo que oferece um ambiente seguro para os colaboradores. Contudo, na prática, a percepção de muitos é que o sistema serve primariamente para proteger a empresa em futuros processos judiciais.

As falhas mais comuns alimentam essa desconfiança, como: 

  • denúncias que são ignoradas;
  • investigações sem transparência;
  • retaliações contra quem teve a coragem de falar. 

Essas práticas minam a confiança no programa e o tornam ineficaz, pois sem a colaboração das pessoas, ele se torna apenas um teatro corporativo.

As queixas mais recorrentes sobre a falha do compliance incluem:

  • colaboradores que temem perder o emprego ou oportunidades após uma denúncia;
  • gestores reincidentes em práticas abusivas que recebem apenas treinamentos simbólicos;
  • canal de denúncia é visto como uma ferramenta de defesa jurídica para a empresa;
  • falta de transparência sobre o andamento e o resultado das investigações internas.

Canal de denúncia: como garantir segurança e anonimato?

Para que o canal de denúncia funcione e gere confiança, é preciso investir em 3 frentes principais: anonimato real, comunicação transparente e uma política de tolerância zero contra qualquer tipo de retaliação.

  • utilize ferramentas externas e independentes para a gestão das denúncias;
  • crie e divulgue amplamente uma política de não retaliação explícita e rigorosa;
  • ofereça feedback transparente sobre o recebimento e o andamento das denúncias.

Compliance como carreira: quais são as oportunidades e os requisitos?

O crescimento da área de compliance abriu um novo e promissor campo de atuação profissional. Impulsionada por legislações como a LGPD e pela crescente demanda por governança, a busca por especialistas aumentou significativamente, o que atrai profissionais de Direito, Administração, Contabilidade e até TI.

Embora o conhecimento jurídico seja um grande diferencial, não é obrigatório ser advogado para atuar em compliance. Habilidades como visão de negócios, capacidade analítica para identificar riscos, boa comunicação e um forte senso de ética são igualmente cruciais para se destacar na área.

A carreira em compliance é estruturada e oferece diversas possibilidades:

  • formação em Direito, Administração, Contabilidade ou áreas correlatas;
  • pós-graduação ou especialização em compliance, governança ou gestão de riscos;
  • conhecimento em LGPD, prevenção à lavagem de dinheiro e técnicas de auditoria;
  • habilidades interpessoais, como comunicação, pensamento crítico e análise de dados.

Os salários refletem a alta demanda por esses profissionais:

CargoRequisito principalFaixa salarial (R$)
Analista de ComplianceGraduação e especialização4.000–8.000
Coordenador de ComplianceExperiência em gestão8.000–15.000
Chief Compliance Officer (CCO)Visão estratégica e liderança15.000–35.000

Como migrar para a área de compliance?

Se você deseja fazer a transição de carreira para a área de compliance, o caminho envolve qualificação e networking. Comece buscando cursos de especialização e certificações reconhecidas pelo mercado, que validam seu conhecimento técnico.

Além disso, é fundamental se manter atualizado e construir uma rede de contatos. Para isso, siga estas dicas:

  • busque certificações reconhecidas, como a CPC-A (Certificação Profissional em Compliance Anticorrupção);
  • participe de eventos, webinars e workshops do setor para fazer networking;
  • acompanhe de perto as mudanças na legislação e as melhores práticas de governança corporativa.

Perguntas frequentes sobre compliance

Ainda tem dúvidas? Confira as respostas para algumas das perguntas mais comuns sobre compliance e sua aplicação prática no mundo corporativo.

1. O canal de compliance é realmente anônimo?

Depende da ferramenta. Plataformas geridas por empresas externas e independentes aumentam significativamente o anonimato. A confiança, no entanto, só é construída com uma política clara de não retaliação e comunicação transparente.

2. Vale a pena seguir carreira em compliance?

Sim, a área está em plena expansão no Brasil. A demanda por profissionais qualificados é alta e os salários são competitivos, refletindo a importância estratégica da função para as empresas.

3. Como saber se o compliance da empresa funciona?

Não. Embora a base jurídica seja útil, profissionais de Administração, Contabilidade, TI e outras áreas são bem-vindos. O mais importante é buscar qualificação específica em gestão de riscos e governança.

4. Preciso ser advogado para atuar em compliance?

Não. Embora a base jurídica seja útil, profissionais de Administração, Contabilidade, TI e outras áreas são bem-vindos. O mais importante é buscar qualificação específica em gestão de riscos e governança.

Como fazer do compliance um aliado para sua empresa

Então, entendeu o que é compliance? Esse conceito pode ser muito vantajoso quando está integrado à cultura da empresa. Isso exige liderança engajada, processos transparentes e o uso de tecnologia para monitorar riscos de forma inteligente e proativa. 

Então, sua empresa está pronta para transformar a integridade em um ativo estratégico? A governança de dados e a automação de processos são o primeiro passo para um compliance robusto. Pensando nisso, conheça as soluções da Mosten e descubra como podemos fortalecer a segurança e a eficiência do seu negócio.